Ao que parece em dezembro de 2013 houve uns dilemas retratados pelos mídia
que envolviam trajados. Ora, se estão trajados, é OBVIOOOOOO que tal
acontecimento se deveu à praxe. Mas o que gostava de vos falar é da praxe pós-Meco.
No ano letivo aquando decorreu este mistério, eu era caloira. E posso
dizer-vos que adorei ser caloira. Pelo menos, até ao Meco. Nós tínhamos
atividades giras, fomos para a rua dar abraços às pessoas, fazíamos guerras de
balões de águas, e muitos outros tipos de jogos. De uma praxe de 5h, 4 horas
eram na macacada em jogos, 30 minutos a ser pintados com batons, verniz,
pinturas faciais e a colocar adereços fornecidos pelas doutoras, e a restante
meia hora era dividida entre 20 para acertar na vénia e nos nomes de todas as Doutoras
e 10 para fazer uns pulos de galo, flexões, por a vénia não ter sido à primeira
ou porque simplesmente, caloiro é união.
Depois do Meco não pudemos sair à rua. Enquanto o país estava aterrorizado
pelas praxes, quem tinha o verdadeiro medo eram os trajados que saiam à rua,
pois sem terem qualquer culpa ou envolvimento direto no que aconteceu no Meco eram
ameaçados e chamados de assassinos diariamente. Andar de transporte públicos já
não é muito seguro, imaginemos trajado e com a alcunha de assassino... Tudo foi
ficando mais amenizado com o passar do tempo, mas nada voltou ao que era. Claro que há praxes mal feitas! Não defendo todas as praxes, como é óbvio, e zelo cada dia pela integridade de todos os que me rodeiam sejam eles quem forem e a sua hierarquia, e é certo que há abusos, sempre houve e sempre haverá, e é nosso dever travar essas praxes mal feitas e defender aquilo que é para nós ,comunidade praxante, a integração, a praxe e todos os valores incutidos no traje académico passado por superiores ou doutores.
No final do
ano letivo passado a Comissão de Praxe da minha faculdade teve uma reunião com
a Diretora da escola por causa do assunto praxes. A senhora já era anti praxe,
e embora as praxes na ESELx em nada tenham a ver com as praxes nas noutras faculdades,
a senhora sentiu que estava a ser "ameaçada" porque estavam a ligar a
escola dela a atividades de praxe. Praxe tem uma má conotação, logo o acordo feito com a senhora foi o de já não lhe
chamamos praxe, mas sim Integração Académica.
Este ano sou Doutora. Já tenho uma turma de caloirinhas, e um caloirinho, para
praxar e a quem quero passar valores que aprendi ao longo do meu ano de caloira, em conjunto com as minhas
colegas. A nossa preocupação com os caloiros é extrema e até tivemos pais na
praxe, a assistirem e participarem, para terem a certeza que os seus filhos não
corriam riscos. Por acaso, não sinto que as caloiras cheguem lá com medo, porque
acredito que elas percebam que os mídia atiram montes de areia para os nossos
olhos. Já os pais e avós dos respetivos estão reticentes, chegando a proibir os
caloiros da participação nestas atividades.
Tal como era em caloira, e agora como doutora, continuo a ter os meus pais. A
minha mãe fica doente cada vez que ouve a palavra Meco. As minhas avós cada vez
que me telefonam ou me vêm dizem para não me meter nisso, para não fazermos
praxes más, para isto e para aquilo. E eu desde o inicio do meu tempo de
caloira que defendo a praxe praticada na ESELx por em nada ser igual à de muitas
das outras faculdades em que se pratica a má praxe.
Agora as pessoas nos transportes ficam sempre a olhar para nós, os trajados, os "praxistas", os bestas, os maus, os ASSASINOS. Olham de
alto a baixo, e novamente, e novamente, e põem um ar de nojo na cara sempre que
nos olham. Sentem-se desconfortáveis perto de nós,afastando-se
nos transportes públicos e em muitos outro locais frequentemente frequentados pela população ativa da sociedade portuguesa.
Eu sei, e concordo, que os trajados e trajadas são sexys, mas disfarcem o olhar e
não exprimam olhares de quem quer aniquilar.