sexta-feira, 23 de maio de 2014

Perigoso mas pouco






Boa tarde a todos,

   Sinceramente, tenho de deixar de ver televisão enquanto almoço, a quantidade de estupidez que se ouve nas notícias é algo que me deixa embasbacado. As notícias deste último mês têm-se focado no caso de Manuel “Palito” Baltazar e a incompetência da polícia portuguesa em encontrar e capturar este experiente caçador.

   Manuel Baltazar é acusado de matar ex-sogra, a tia e ferir a ex-mulher e a filha de ambos, depois de estar 5 anos a perseguir, doentiamente, a sua ex-companheira. Durante cerca de um mês, Palito esteve foragido á justiça, obrigando a GNR a imobilizar vários agentes para a zona de Valongo dos Azeites, de forma auxiliar os agentes da região na busca e captura do suspeito. Passados 34 dias em fuga, o suspeito foi finalmente capturado (em jeito de desistência do próprio foragido), terminando a onda de “terror” daquela região.

   Muitos esperam que eu faça pouco da extrema incompetência daqueles que são formados e pagos para proteger nós os cidadãos (ainda me conhecem mal), mas na realidade vou expressar a minha opinião sobre aqueles “indivíduos” que aplaudiram e aclamaram esta espécie de homem, na altura em que entrava no tribunal sob a escolta da polícia. Parece me ridículo que pessoas, capazes de raciocinar e com a plena noção da diferença entre o bem e o mal, apareçam na televisão, perante milhares, a saudar um assassino como se tratasse de um herói nacional (um D. Afonso Henriques ou um D. Sebastião), a dizer que teriam todo o gosto de o auxiliar (enquanto esteve me fuga) o foragido ou até mesmo sugerir a construção de uma estátua em sua honra. É triste é muito triste isto. São lamentáveis estas cenas e dão má reputação a nossa sociedade, quem é que no seu perfeito juízo orgulha-se de um individuo que tira a vida a duas pessoas e que inferniza a vida de uma mulher que outra hora o amara. Ainda me custa a perceber o motivo, será porque o ”homem” conseguiu enganar tudo e todos, ridicularizando, inclusive, os nossos agentes da autoridade? Pois bem, se esta foi a razão então tenham vergonha na cara, este ódio, infundado, pela figura da justiça é completamente inconcebível numa sociedade avançada e inteligente, esta padronização do agente como algo demoníaco, perseguidor do pobre e que protege apenas os corruptos é injusta para aqueles que lutam todos os dias, com a sua vida, pela nossa segurança. Estas pessoas que se resplandecem com o feito desta criatura deviam pensar na dor da mulher que durante 5 anos da sua vida foi perseguida e atormentada, e que agora terá de lidar com a perda da sua mãe e irmã. A espectacularização deste caso também foi um dos principais motores deste tipo de manifestação.

   Custa me aceitar que pessoas assim existam, não gostaria de lhes chamar “gente mal formadas”, porque existe pessoas com poucos estudos que são bem mais inteligentes que muitos políticos ou universitários que aparecem nas televisões portuguesas (até estrangeiras), em vez disso opto por chamar “gente estúpida”. Não existe um outro adjetivo mais indicado do que “estúpida”, pois são inconcebíveis atitudes destas no século XXI, muito menos perante crianças ou jovens que serão o futuro de Portugal. Qualquer pessoa na sua fase de crescimento, se for presenteado com atos destes, aceitará aquilo como algo “natural” e no futuro poderá mesmo repetir o ato e por sua vez ensinará aos seus filhos – ciclo da influência adquirida. 

   Se o futuro deste país passar por pessoas como aquelas que aplaudiram o assassino, então Portugal está perdido.

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