sábado, 1 de fevereiro de 2014

Há uma linha que separa a praxe de quem praxa

Discurso de Praxe
Boa noite a todos,
Semanas e mais semanas do mesmo assunto, praxes e a tragédia do Meco. O que já é hábito português, vamos generalizar tudo, pois vende muitos jornais e traz muita audiência.
Percebo que a probabilidade de este caso tenha acontecido por um possível ritual de praxe e da extrema estupidez de pessoas que não sabem perceber que há certas ações que têm limites e consequências imprevisíveis. Com este post não venho atacar nem defender a praxe, venho, por outro lado, tentar fazer perceber que uma moeda tem duas faces, ou seja uma praxe por ser má num curso (varia com os cursos) ou instituição (também varia) nem implica que seja má em todos os cursos ou instituições.
O que acho que poderia ser discutido é facto de haver pessoas obcecadas com as praxes, pessoas que perdem anos escolares a fio para ganharem estatutos nas comissões da praxe, pessoas que transformam algo que no inicio do conceito de “praxe” provavelmente era divertido, mas que atualmente, para certos cursos, é um atuo de humilhação e de superiorização de alguns indivíduos envolvidos na sua realização. Sabiam que os gorilas machos alfa impõe a sua superioridade através vocalizações e demostrações de agressividade? Soa familiar? Deixo á vossa interpretação.
O acontecimento na praia do Meco, foi algo triste e que marcará os familiares das vítimas até o final das suas vidas, mas foi também algo poderia ter sido evitado e que uma estupidez incompreensível de pessoas que pensam que têm o mundo a suas mãos e que a vida é para viver ao extremo.

Espero que eles de facto estejam num sitio melhor, mas sei, certamente, que tal como a moeda tem duas faces, a família deles estarão a sentir-se como se o inferno fosse a sua nova habitação. Meninos antes de se atirarem para qualquer coisa “fixe”, pensem que durante 9 meses o vosso coração batia uníssono com de outra pessoa e que  quem luta pela família chora, deprime, falece com a perda dela.


Há uma linha que separa a praxe de quem a praxa

Ultimamente não se fala de outra coisa , que não seja mencionada a palavra praxe. 

Creio que não me lembro de ser bombardeada com esse termo nem mesmo no tempo, em que fui caloira. Tudo isto derivado ao que aconteceu em meados de Dezembro do ano passado, que sinceramente lamento muito mas mesmo muito , o que aconteceu aqueles estudantes que as suas vidas foram ceifadas sem dó nem piedade. A única coisa que se sabe concretamente é que aquelas vidas jamais poderão ser recuperadas. Quanto ao fim de semana que hipoteticamente se fala que estariam sob ritual de praxe e o que chegou à opinião pública, parece que a comunicação social acabou de lançar um verdadeiro monstro pior que o bicho papão! E que monstro é esse? É o monstro denominado de praxe! Generalizou-se por causa das praxes mal planeadas nalgumas academias.


 Em que os responsáveis dessas mesmas academias, não souberam pensar racionalmente ou ate mesmo impor limites. Não sei qual é o código de praxe que se regem, mas creio que qualquer código de alguma organização tem de ter por base o código civil. Quando não é assim algo está muito mal.  Por isso  quero frisar isto muito bem o problema não esta na praxe mas sim das pessoas que estão à frente dela.
 Como em tudo na vida existe pessoas que são capazes de fazer as coisas como devem ser e tem bom senso e outras não. Tudo tem a ver com os valores que foram transmitidos.

Sendo estes escassos a corrente tende a deteriorar-se e esse é o verdadeiro problema, que levou a que este enredo se tornasse tão negro e posteriormente pusesse-se em causa as actividades praxistas. Dizem eles como actos bárbaros, equiparados como já alguns “ilustres” dizerem que é o neonazismo instalado no ensino superior à vista de todos, ou até mesmo de bullying. Mas espera então quer dizer que. por causa de meia dúzia de “apanhados e com a mania que são todos poderosos” que todas as academias são assim!? Que todas elas poem em causa a integridade física e moral de, quem queira fazer parte da praxe?
 Primeiro ponto discordo totalmente que seja comparado a bullying porque só é praxado quem quer e não é obrigado a nada que seja contra os seus valores.
               
         Segundo se não quiser participar não vai ser menos que os outros colegas, ninguém o vai massacrar ou perseguir por se declarar anti praxe. 

Terceiro como acima referi existe o chamado código de praxe que este está acima de qualquer membro superior hierárquico e o manual de defesa do caloiro ou do praxante qualquer coisa que seja feito contra o código é de imediato comunicado ao Almirante Mor ( Dux) para que posteriormente tome as devidas providencias cautelares sobre o assunto.
               
                No tempo que fui praxada não vai assim há tanto tempo( cerca de 2 anos), eu tomei a iniciativa de ser praxada não foram os mauzões vestidos de negro que me vieram caçar eu fui ter directamente aos predadores! E o que me fizeram? Humilharam-me? Massacraram-me? Nada disso! Falaram comigo tal como as pessoas civilizadas fazem convidaram-me a comparecer a uma praxe expliquei que só poderia ir no fim de trabalhar ou no fim das aulas, não meteram qualquer entrave. Experimentei, não me fizeram nada de mal. A minha experiência enquanto caloira foi  melhor do que estava a espera conheci colegas de curso que, o mais provável não os ia conhecer se não fosse a praxe, pois estaria limitada a minha turma.

                Através dela os laços de união entre os meus colegas como sendo um todo, foram fortalecidos. Quem me praxou disse muitas vezes que o traje académico não era sinónimo de medo, mas sim de respeito por quem tem mais experiência e de alguém amigo que estava lá para nos dar apoio quando mais precisássemos. Houve momentos que eu não tinha como ir para casa, (eu e muitos colegas) o que se fazia no fim de cada praxe garantia-se que ninguém ia sozinho para casa, em última estância um doutor acompanhava os caloiros a casa. Posteriormente como já tinha mais afinidade com os meus colegas já ia com eles para casa, era como se fossemos família.

                 Não entendo porque querem acabar com algo que me fez tão bem, fui submetida a esforços físicos? Fui, mas se calhar se não fosse isso eu hoje não sabia fazer uma flexão em condições é bom para o dia a dia o exercício físico é importante para a nossa saúde e bem estar, as mistela que levei pela cabeça abaixo? Faria tudo de novo, tudo! Há coisas piores na vida que besuntar com mistelas ou fazer ene flexões.
 O que aprendi no fim disto tudo? Que se calhar eu sou mais forte do que aquilo eu imaginava e que se fui capaz de enfrentar os meus medos; mostrar a minha personalidade porque fui tratada da mesma forma que os meus colegas. Estou capaz de num futuro próximo levar estes ensinamentos como experiências que ajudaram a ser o que sou hoje. Gostava que esta polémica (que já me cansa), fossem também pesquisar o lado bom da praxe que generalizar tudo como uma podridão e estupidez humana, por causa de um acidente, que podia ser evitado é verdade, mas como o próprio título diz há uma linha que separa a praxe de quem praxa.

OBS: Futuros caloiros que estão a ler isto, aconselho que durante o periodo que são praxados conheçam bem os códigos de praxe da vossa acacemia, é o manual essencial, tem tudo descrito do que é permitido ou não é permitido nas actividades praxísticas.

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