quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Mensagem de Pessoa a Pessoa



NEVOEIRO 

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...


É a Hora!

Muitos reconhecem este poema da famosa obra de Fernando Pessoa, a Mensagem publicado em 1934. Será Pessoa um Nostradamus português? Recentemente, conclui a leitura desta obra e fiquei estupefacto com o quão Portugal de Pessoa se assemelha a Portugal de Barbas. O Barbas é um orgulhoso português, filho de D. Afonso Henriques (como toda a nação), que se entristece pela degradação, tristeza e submissão deste país conquistador. Tal como Pessoa esperava pela salvação eterna de Portugal, o Barbas também o espera.


D. SEBASTIÃO (Terceira Parte - O Encoberto)

Sperae! Cahi no areal e na hora adversa
Que Deus concede aos seu
Para o intervallo em que esteja a alma immersa  
Em sonhos que são Deus.
Que importa o areal e a morte e a desventura
Se com Deus me guardei?
É O que eu me sonhei que eterno dura,
É Esse que regressarei.


Deixo-vos com os versos que mais me marcaram no meu tempo de Liceu:

"Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?"




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