quarta-feira, 25 de junho de 2014

Finalistas para a vida

Educação,


   Se nasceste nos anos 90 (é melhor jogar pelo seguro), anos 80, foste finalista muito poucas vezes, considera-te um freak porque eu também o sou!

Procurando a definição de finalista no dicionário online Priberam, encontramos os seguintes resultados:

“1. Que ou quem é sectário da finalidade ou admite a existência de uma causa final.

2. Que ou quem frequenta o último ano de qualquer curso.

3. [Desporto] Que ou quem num campeonato consegue classificar-se até chegar às provas finais.”

   Olhando para esta definição e para o atual sistema de ensino, concluo que apenas tirando um curso superior ou um curso específico (profissional/técnico com equivalência a 9º ou 12 ano e humanístico de 12º ano) é que devemos ser considerados finalistas. Cruzando com a minha opinião pessoal sobre este termo, finalistas são pessoas que conseguem prosseguir a sua vida para o mundo do trabalho, sem estar dependentes de mais estudos, ou seja, tendo terminado os estudos obrigatórios ou facultativos.

   Ora, na sociedade de hoje não é, de todo, isto que está a acontecer. As crianças do Pré-Escolar já são consideradas finalistas. A minha grande dúvida é: o que é que as crianças de 5/6 anos têm para ser finalistas? Conseguiram superar o mundo das brincadeiras pedagógicas de modo a poderem prosseguir para o 1º ano? Sem dúvida que conseguiram, mas apelidar crianças desta idade de “finalistas” apenas torna o termo banal, pois todos os períodos de escolaridade têm um fim. Esta banalização apenas fará com que as crianças, e mais tarde adolescentes, se tornem finalistas por várias vezes passando de Pré- Escolar para 1ºCiclo do Ensino Básico temos finalistas, de 1ºCiclo para 2ºCiclo do Ensino Básico temos finalistas, de 3ºCiclo do Ensino Básico para o Ensino Secundário temos finalistas. Terminando o ensino secundário (obrigatório) temos aí os verdadeiros finalistas!

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   Ser finalista é o início de um mundo de novas oportunidades: Oportunidade de estudar por vontade própria ou de seguir para o mundo do trabalho. Bem, se refletirmos um pouco mais sobre a ida para o mundo de trabalho podemos esperar mais cursos gentilmente propostos pelos centros de emprego, ou uns bons aninhos em busca de uma agulha no palheiro, se se for criterioso com a área. 

   Se pensarmos bem, em tempos já fez sentido haver mais finalistas que não os do 12º ano, Secundário ou Curso Superior. Fazia todo o sentido haver finalistas no quarto ano (mais conhecida na altura como quarta classe), quando a escolaridade obrigatória era o quarto ano. Também fazia sentido serem finalistas os jovens 
do 9º ano, quando esta era escolaridade obrigatória. Mas a escolaridade obrigatória hoje em dia é o 12º ano e só ai haverá oportunidades para além da escola, pois foi finalizado (ai está, foi finalizado logo temos finalistas) um curso. 

   Será que faz sentido as gerações a partir de 2000 serem finalistas três ou mais vezes antes de serem realmente finalistas? 

   Ingressar no ensino superior é uma opção (para quem tem possibilidade de financiar as universidades e politécnicos espalhadas pelo país) que nos leva novamente ao fim de um curso. Desta vez um curso específico, numa área em particular, onde se quer trabalhar o resto da vida. Aí há símbolos de final de curso, de um fim que não vai mais existir nunca, da última vez que se será finalista. Temos um traje, uma capa, uma pasta, fitas, cartolas, bengalas entre outras insígnias de finalista dependendo de faculdade. 

   A palavra e o sentido de finalista estão a tornar-se tão banais que temos crianças com capas, emblemas, chapéus e bengalas a serem finalistas do Pré-Escolar ou do 1ºCiclo, segurando na pasta com as fitas assinadas pelos seus colegas. No entanto, ser “finalista” no fim destes períodos de escolaridade nada significa, a não ser muitas fotografias tiradas pelos familiares e a recordação dos seus filhos que foram finalistas quase tantas vezes quantos anos de estudo têm.

Artigo escrito por Iron foxx (convidada)



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