sexta-feira, 4 de julho de 2014

Decadência televisiva

Televisão,

Boa tarde a todos,

O post que todos esperavam, há muito tempo, acabou de sair. Hoje vou falar da televisão portuguesa. “Sempre polémico este Barbas!” Eu sei, e não há nada mais polémico que a novelação e velherização da televisão nacional. E sei também que corro perigo de vida por falar destes assuntos, mas não se preocupem a minha teimosia e determinação é tal, que sou capaz de cortar diamantes com os abdominais. Não vou falar de canais televisivos, pois não quero deixar essas instituições tristes e a pensar que eu não gosto delas (Coitadinhas das princesas!), visto que cada programa é feito a pensar em mim e na minha felicidade. Mas, como qualquer relação, esta ligação amorosa tinha de se romper algum dia.

Aposto que muitos de vocês ainda se lembram da época em que: 

1. De manhã davam cartoons e séries infantis (ex: Power Rangers);

2. À tarde davam cartoons (durante a semana), uma ou outra novela (durante a semana, depois das noticias), pequenos programas de velhas (durante a semana e eram curtos), séries estrangeiras, programas para rir (ex: Alguns com a Marina Mota, ainda se lembram dela?) e ainda passavam filmes (durante o fim de semana);

3. A noite era espaço de uma novela (às vezes duas), programas para rir (ex: Malucos do Riso, Camilo, Batanetes), filmes;

Alguns, mais jovens que eu, não devem saber do que estou a falar, provavelmente devem achar que sou louco ou que sou um ganda cota. Calma pessoal, eu tenho apenas 23 anos (quase 24), não sou assim tão velho quanto isso. Mas sim, houve um tempo onde a programação dos 4 canais tinha qualidade e abrangia uma larga variedade de faixas etárias. Quem se lembra do “Walker, o Ranger do Texas”? “Knight Rider”? Estou a falar chinês? Perguntem aos vossos pais. Antigamente, ter os 4 canais era o suficiente para ter um dia bem passado em casa, sendo que ter mais canais já era considerado um luxo. Pessoalmente, cresci a ver os Power Rangers, aqueles onde o Ranger verde era um “badass” fortíssimo e não apenas mais um; ou o Dragon Ball, onde um miúdo dava um excerto de porrada a tipos com o triplo da idade (pequena curiosidade, não sei se já repararam, mas o Goku nunca venceu o seu mestre, a Tartaruga Genial). Posso dizer que tenho muitas boas memórias de serões bem passados a ver os 4 canais portugueses.

Atualmente, os programas são:


  1. Das 6 ou 7 da manhã até as 10h - notícias;
  2. Das 10 às 13h - programas para velhas e donas de casa, a falar de moda, comida, quem anda a “comer” quem, mortes;
  3. Das 13 às 14h, mais notícias – política, política, política, futebol, Ronaldo, política
  4. Das 14 às 20h – novelas ou programas para velhos ou donas de casa (sim, mais) 
  5. Das 20h às 21 ou 21h30 - noticias sobre os mesmos assuntos

6. O resto da noite – novelas, novelas, novelas, series e filmes a horas que só os morcegos ou vampiros estão acordados, programas musicais iguais entre si (piada, num país onde a música mais popular é a musica pimba, o rap “di street” e o Kizomba prevalecem), programas de louvor ao degredo (badalhocas, dushbags e sexo)

A televisão sofre evolução para melhor, obviamente. Se quiserem ver atos de sexo ou ouvir conversas de sexo, não precisam de gastar dinheiro nos famosos canais XXX, metam no Big Brother, Casa dos Segredos ou num determinado Você na TV. Qualquer dúvida quanto a posições sexuais ou maneiras de melhorar a sua vida sexual estes programas esclarecem na hora. É engraçado que sempre que passo pelo programa da Casa dos Segredos (tenho um comando oldfashion), vejo tipos musculados e gajas no cio a sentirem “sentimentos” e a praticara à pancada entre eles, como se tivesse aberto a época de reprodução. 

Preciso de falar da música pimba dos velhos? Acho que com letras como “Bonito bonito são os tomates a bater no pito” ou “ eu levo no pacote prá gosto do meu amor” não precisão de explicação: o ridículo que é estar sentado ao pé de filhos/netos ou pais a ouvir e a dançar isto. Os portugueses têm uma estranha fixação com o sexo e com a verbalização de atos sexuais, mas isto será assunto para outro post.

Eu vou enumerar possíveis razões para esta decadência:


  1. População envelhecida, o Passos anda a exportar jovens, portanto com cada vez menos gente nova a ver televisão, tem que se pescar a outros rios; 
  2. Miúdos que em vez de estudarem para terem futuro, passam a vida na rua a fumar charros e a procura de gajos (as) para a prática do coito (outra vez a obsessão pelo sexo);
  3. A nova moda que diz “a vida é para viver ao máximo porque podemos morrer a qualquer momento”. Se passam o dia todo fora de casa na dita “curtição”, obviamente que não vêm televisão;
  4. Dinheiro e dinheiro, aqueles concursos das chamadas do 60 cêntimos mais IVA dá muito dinheirinho e, entretanto, toca a espetar 15 minutos de intervalos para venderem porcaria. Lembram-se de antigamente passarem muitas publicidades de brinquedos? Diminuiu muito a quantidade ao longo dos anos não foi?;
  5. Assistências, com os velhotes e as donas de casa sempre com olhos na televisão a ver programas interessantes como a “Casa dos Segredos” (também falarei disto noutro post), os views de cada canal sobem a pique; 
  6. Crise, com os portugueses a trabalharem 8 horas todos os dias, que tempo tem eles para ver televisão?; 
  7. Internet, dá para ver muita coisa pela internet, o que claro causa também problemas;


A televisão hoje em dia é feita para atrair atenção dos reformados e dos donos de casa, pois são os que passam mais tempo entre 4 paredes.

A nossa televisão tem sofrido um processo de generalização, ou seja, em vez de apostarmos em novas ideias, que possam chamar atenção de um grupo mais vasto de pessoas, optamos por lançar toneladas de novelas (todas iguais), falar exaustivamente de futebol, prelecionar opiniões politicas e copiar reality shows estrangeiros. E, mesmo assim, as escolhas deste último recaem sobre programas ridículos, onde há a hipervalorização de ”machos alfas” e de “fêmeas excitadas”, uma espécie de National Geographic humana. Tem piada, para um povo de muita alegria e simpatia, os programas de comédia passam apenas por um membro isolado dos Gato Fedorento – Ricardo Sobrevalorizado Araújo Pereira -, o canal Q (pago) e o Cinco para a Meia-noite que dá a horas indecentes. Para um país a passar um mal bocado deveria haver programas de comédia, que, já agora, ajudam a desenvolver o intelecto, mas isso já são pormenores sem importância. 

Sem uma televisão de qualidade não a há formação de bons cidadãos, com imaginação, alegria e com capacidade de debaterem diferentes assuntos. Já agora, chega de notícias do Ronaldo, chega! Ele, em título, é considerado o “Melhor Jogador do Mundo”, não é “Deus” ou “Buda”, portanto acalmem o orgulho português. Para terminar, é engraçado naqueles concursos de chamada, o dinheiro sair quase sempre para a zona norte ou o montante limite sair sempre no último dia.



Televisão,

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